DISCURSO PROFERIDO PELO DEPUTADO LUIZ ANTONIO
FLEURY - Sr. Presidente Michel Temer, Sr. João Carlos Saad, Sr. Ricardo de Barros Saad, filhos do querido homenageado, Sr. João Saad, Sra. Marcia de Barros Saad, Srs. Ministros, Paulo Renato, Pimenta da Veiga, Andrea Matarazzo, Srs. Senadores, Srs. Deputados, Diretores da Rede Bandeirantes de Televisão, Srs. Jornalistas, demais autoridades, Srs. Embaixadores, senhoras e senhores, certa vez alguém escreveu que ''o tamanho de um homem é o tamanho de suas realizações''. E alguém capaz de criar e dirigir, por longos anos, uma rede de comunicação como a Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão é sem dúvida um grande homem. Alguém capaz de interferir com firmeza, coragem e caráter nos rumos do País é um homem maior ainda. Quem, além disso, consegue a proeza de ser respeitado e querido por seus funcionários deve ser um verdadeiro gigante. Esse homem, esse gigante, esse empresário, esse grande vulto da vida brasileira era chamado simplesmente de ''Seu João'', tão querido de todos nós. As definições sobre o homem, o empresário bem-sucedido, respeitado pelos políticos mais influentes deste País, mas que teimava em ser chamado simplesmente de "João", continuavam. A palavra-chave para entendê-lo é humildade; humildade, acima de tudo. Quem esteve com ele pelo menos uma vez deve ter percebido que todo o poder de Presidente de uma das maiores redes de rádio e televisão do nosso País era exercido sem arrogância, porque, no "Seu João", a autoridade convivia com a delicadeza e com o absoluto respeito ao ser humano. João Jorge Saad nasceu em Monte Azul Paulista, no interior de São Paulo, em 22 de julho de 1919. Casou-se com Maria Helena de Barros Saad, que nos deixou há alguns anos. Pai de cinco filhos: João Carlos, Ricardo, Maria Leonor, Marisa e Marcia. João, como todos seus amigos gostávamos de chamá-lo, sempre obteve sucesso e sempre venceu nos campos em que atuava. Só para se ter uma idéia, com onze anos de idade trabalhava no comércio de tecidos em uma empresa da família, na Rua 25 de Março. Quando atingiu a maioridade, passou a visitar seus clientes por todo o Brasil, comercializando as mercadorias da empresa e dando assistência a seus clientes, o que, para a época, era uma medida revolucionária. Audacioso e empreendedor, transferiu-se para as atividades empresariais nas áreas de comunicação e no setor imobiliário, sobressaindo-se com muito sucesso em todas essas áreas. Poderíamos citar, apenas para destacar um dos seus empreendimentos, o Jardim Leonor, loteamento situado no Morumbi e que serve de referência quando se fala em qualidade de vida na nossa Capital. Mas foi na área de comunicação que o João Saad se dedicou e realizou grandes empreendimentos. Presidiu com competência a Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão desde o seu início até a data de sua morte. Nesse trabalho, "Seu João" foi um pioneiro. Implantou uma rede nacional composta de 45 emissoras de freqüência AM e 35 de FM, a maior rede do País no gênero, colocando a Rádio Bandeirantes como pioneira na utilização de satélites para emissoras de AM. Para se ter uma idéia, essa rede conta hoje com 140 emissoras integradas no sistema Bandsat. João Saad era incansável e fez com que a TV Bandeirantes, Canal 13, fosse a primeira emissora da América Latina a transmitir imagens em cores via satélite. Atualmente a rede é composta de 66 emissoras geradoras e mais de mil unidades repetidoras com alcance de praticamente 100% do território nacional. Também foi iniciativa de João Saad a construção da maior torre de telecomunicações na América Latina, com 212 metros de altitude, totalmente edificada em aço e ferro, utilizando-se para isso as mais modernas técnicas da engenharia civil aliada à engenharia eletrônica. Esse empreendimento de João Saad foi edificado na área nobre de São Paulo, na Avenida Paulista, melhorando consideravelmente as transmissões da TV Bandeirantes, Canal 13. A importância dessa obra é de tal relevância que hoje é utilizada como Teleporto para instalação de antenas para recepção de telefonia celular, para transmissões da EMBRATEL, transmissões e sinais de bip, pager e assim por diante. Todos esses empreendimentos da vida de João Jorge Saad foram feitos com capital genuinamente brasileiro. João Jorge Saad foi um homem que honrou a sua pátria, dignificou o nosso povo e recebeu homenagens as mais significativas, títulos, como o de Cidadão Paulistano, várias condecorações, Personalidade do Ano, e prêmios de comunicação. Mas, Sr. Presidente, a obra maior de João Saad foi o seu exemplo - exemplo de trabalhador; de homem que se dedicou a um sonho e o construiu; que transformou as comunicações do nosso País; que tem o seu nome indelevelmente marcado dentre os pioneiros das comunicações. E mais do que isso: o homem que não fez restrições de ordem partidária ou política; que sempre abriu os microfones das suas empresas para os representantes das mais diversas correntes de opinião, de pensamento e políticas do nosso País. Não é por acaso que em uma homenagem como esta tenhamos presentes pessoas que falarão em nome de todos os partidos políticos representados nesta Casa, porque assim era o "Seu João": amigo; conselheiro; homem que deu um exemplo, também, como chefe de família, pai e avô. No momento em que o nosso País passa por tantas dificuldades, podemos dizer que o "Seu João" já está fazendo muita falta. Permitam-me, agora, falar um pouco do convívio que tive com o "Seu João", de quem me orgulho de ter sido amigo. Tantas e tantas vezes, naquela sala da TV Bandeirantes, em que tínhamos a oportunidade de conversar, ouvi dele o conselho, a palavra de confiança e principalmente de solidariedade, tive um ombro amigo. "Seu João" era amigo dos amigos, jamais deixou de prestigiar e de apoiar aqueles que dele mais precisavam nos momentos mais difíceis. E a sua confiança no futuro, a sua certeza de vitória sempre nos dava a convicção de que o dia de amanhã seria melhor. O "Seu João", sem dúvida, hoje, olha com preocupação o que acontece no nosso País. Compartilhava com ele as suas preocupações, mas ao mesmo tempo em que se preocupava, tinha firme convicção de que o nosso País superaria toda e qualquer dificuldade. Isso fazia com que investisse tudo que pudesse angariar como empresário nas suas empresas, pois tinha a certeza de que qualquer dificuldade seria vencida. Pena que não tenhamos tantos empresários que acreditem no Brasil como o "Seu João Saad" acreditava. Não ouvi jamais uma queixa dele. Ao contrário. Tinha ele merecido orgulho da sua rede de televisão, dos seus filhos e de sua família. Quantas e quantas vezes eu, Governador de São Paulo, e o "Seu João" tivemos nosso almoço, prazerosamente, interrompido por uma neta que ia tomar a bênção do avô carinhoso, que jamais se esqueceu de que o poder passa, que as eventuais benesses de quem exerce o poder desaparecem, mas a família, o respeito, a confiança e a amizade sempre continuam. Portanto, a herança maior que o "Seu João" nos deixa é a lição de que poder não significa prepotência. É a lição de que os grandes homens revelam-se pela sua humildade. É a lição de um homem que fez da sua vida a projeção dos valores maiores em que sempre acreditou. E o "Seu João" sempre acreditou na família, na amizade e no respeito. Por isso, Sr. Presidente, a única coisa que tenho a dizer nesta homenagem que prestamos à memória desse grande brasileiro é do orgulho que "Seu João" tinha pela Rádio e TV Bandeirantes, órgãos que milhares e milhares de pessoas têm diariamente como fonte de informação e entretenimento. Na verdade, ousaria dizer que a Rádio Bandeirantes era a sua menina dos olhos, porque, como ele mesmo disse certa vez "à televisão a gente assiste; o rádio a gente coloca perto do ouvido; o rádio fala no ouvido das pessoas". Quantas e quantas pessoas hoje estão com o rádio no ouvido, escutando as transmissões da Rádio Bandeirantes. Aqueles que estão assistindo à TV Bandeirantes talvez não saibam que atrás disso tudo estava a figura de um homem que sonhou e conseguiu realizar os mais belos dos seus sonhos. "Seu João" está hoje descansando tranqüilo com a certeza de ter feito o melhor pelo nosso País, com a certeza do exemplo que deixa para todos nós brasileiros, o exemplo de quem jamais deixou de ser o menino de Monte Azul Paulista. E não é por acaso, permitam-me agora aqueles que não
são de São Paulo, que a Rádio Bandeirantes e a TV
Bandeirantes são as mais paulistas de todas as nossas emissoras.
E isso carregamos dentro do coração, na certeza de que
só existe uma palavra, uma frase que vai ficar sempre guardada,
porque a cada dia que eu entrar na TV Bandeirantes e encontrar o Johnny,
o Ricardo, tantos e tantos amigos, só poderei dizer, como disse
uma vez o poeta: "Naquela mesa está faltando ele, e a saudade
dele está doendo em mim." |