O EXEMPLO DE VIDA DAS MULHERES TRANSFORMADORAS

 

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onfesso minha imprudência aceitando escrever este texto para o Dia Internacional da Mulher, tendo pouco tempo para fazê-lo. Mas a oportunidade para falar de “mulheres transformadoras” foi sedutora e sucumbi ao convite.

 

Escrevo, portanto, sobre certas mulheres que, a despeito das duras adversidades, desempenham relevante papel, cumprindo o propósito de emprestar seus talentos na construção da sociedade almejada por todos. São adversidades conhecidas, pois povoam a crônica diária: exclusão social, preconceito, abuso sexual, sofrimento frente a catástrofes sociais e naturais, separações conjugais traumáticas, o impacto das drogas na família, desemprego, etc. Para muitas, essas adversidades são incapacitadoras. Todavia, nossas personagens, após cada embate, saem fortalecidas e mais competentes para encarar os desafios próprios das crises. A psicologia fala desse tipo de personagem. São os resilientes. Indivíduos que aprendem a conviver com um cenário adverso e dele extrair nutrientes para se tornarem fortes e superarem as adversidades ou serem positivamente transformadas por elas.

 

As “mulheres transformadoras” são, seguramente, resilientes. Pessoas que, segundo o conceito de resiliência, são capazes de fazer brotar amor, coragem, alegria e prazer em meio aos obstáculos e revezes que vivenciam. Conheço muitas delas e com elas convivo em meu dia-a-dia como voluntária da AACD e da Fundação Dorina Nowill para Cegos. Com elas aprendo.

 

Vejo confirmado nelas a posição dos estudiosos: a resiliência não é uma qualidade étnica e extraordinária, nem uma característica intransferível de um grupo especial de pessoas. Não! É, antes de tudo, a resultante de qualidades comuns que a pessoa já possui. Virtudes que, quando corretamente articuladas e suficientemente desenvolvidas, deságuam nessa maravilhosa característica das “mulheres transformadoras”.

 

Encontramos pessoas e ambientes resilientes em toda a sociedade, mas é o Terceiro Setor que atrai maior número de indivíduos com essa qualificação. É compreensível. É nessa área de atividade que a doação individual é mais enfatizada, o que não ocorre sem os atributos mencionados, dos quais o de melhor tradução é o amor.

 

Neste Dia Internacional da Mulher, meu pensamento e minha simpatia voltam-se para as mulheres voluntárias do Terceiro Setor. Graças a elas, crianças e adolescentes deficientes têm experimentado verdadeira transformação em suas vidas. A característica resiliente de suas vidas leva esperança, alegria, coragem e amor aonde antes havia apenas dificuldades.

 

Lembro-me, também de Dorina Nowill, paradigma das mulheres resilientes e transformadoras. A fundação que leva seu nome é referência mundial no trabalho para cegos. Dorina iniciou esta vitoriosa luta a partir de sua própria deficiência. O que, para muitos, teria servido de desestimulo, para ela foi a mola propulsora dessa maravilhosa organização.

 

Neste e em todos os dias, que Deus abençoe essas mulheres!